Acompanhe comigo esta história real:
Daniel é um menino muito inteligente. Cresceu escutando dos seus pais isso. Caminhou, falou e escreveu cedo. Sempre tirou boas notas.
“Nosso filho é acima da média, aprende tudo muito rápido”, eles falavam com orgulho.
Ótimo pensamento para se acreditar, você dirá.
Pois talvez isso possa surpreender você, mas enaltecer o tempo inteiro a inteligência do seu filho é um total desserviço para sua autoestima…
Exatamente.
Acreditar cegamente numa inteligência inabalável costuma ter o exato efeito contrário: na primeira dificuldade, a pessoa passa a duvidar das suas reais habilidades.
E com Daniel não foi diferente.
Acontece que, na adolescência, o Daniel se encantou com o mundo dos games. Começou a jogar frequentemente, e aquilo lhe fazia muito feliz. Até que vieram as derrotas…
Ele não ganhava sempre e, quando perdia, se frustrava.
“Como é possível que eu perca? Eu sou muito inteligente”.
Resultado:
Por não saber lidar com a frustração de perder, ele preferiu abandonar os games e seguir com a crença de que era alguém acima da média.
A imagem do “Daniel que faz tudo com facilidade”, a do “Daniel inteligente e esperto”, precisava ser protegida a qualquer custo.
Daniel não é louco, muito menos uma exceção. A atitude dele, na realidade, é base do comportamento humano:
Buscar prazer e evitar a dor.
No caso, era mais fácil (e confortável) menosprezar ou abandonar qualquer tarefa que colocasse à prova a sua tão aclamada – desde a infância – inteligência, do que correr o risco de passar “por burro”.
E esse comportamento de desistência seguiu para várias coisas que ele tentou começar (e não teve sucesso logo de cara):
Um novo projeto, um novo emprego, um novo relacionamento.
É por esse motivo que muitos especialistas não recomendam que você repita, insistentemente, ao seu filho que ele é inteligente. Porque ele pode não saber lidar depois com os tapas na cara que levará da vida.
Ao contrário, o melhor a se falar é: você é muito esforçado.
Fazendo isso, você deixa claro que tudo tem causa e efeito. Além do mais, incentiva que ele LUTE pelo seu objetivo, porque os resultados não vêm de um dom estático, mas sim de atitudes.
O que é mentalidade e por que ela é importante
Mentalidade nada mais é do que as crenças obre as próprias habilidades e competências. É a forma sobre como reagimos ao sucesso e ao fracasso, sobre como enxergamos a vida e as oportunidades.
Aquela história de ver o copo meio vazio ou meio cheio, sabe?
Afinal de contas, se você parar para pensar, sucesso ou fracasso, situação boa ou ruim, são apenas pontos de vista.
E o que isso tem a ver com chamar o seu filho de inteligente?
Pode ter tudo.
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Mindset fixo X Mindset de crescimento
No livro seu livro Mindset: A nova psicologia do sucesso, Carol S. Dweck explora a ideia de dois tipos de mentalidades: a mentalidade fixa (fixed mindset) e a mentalidade de crescimento (growth mindset).
Resumidamente, pessoas com uma mentalidade fixa acreditam que habilidades e talentos são fixos e imutáveis. Sabe aquela história de “fulano já nasceu com o dom pra isso?”
Pois é…
Para quem tem mentalidade fixa, ou você é, ou você não é.
Não existe essa coisa louca de aprender.
Nessa perspectiva, chamar alguém de “inteligente” desde cedo na vida pode ser um total tiro no pé. Já que esse alguém tenderá a acreditar que sua inteligência é uma característica de nascença, algo já taken for granded. E que não precisará fazer esforço algum para desenvolvê-la.
Por outro lado, pessoas com uma mentalidade de crescimento sabem que habilidades sempre podem ser adquiridas, desenvolvidas, aprendidas. Por isso, o erro não é considerado um fracasso, mas, sim, uma oportunidade de melhoria.
Percebe o quão libertador é isso?
Quem tem mentalidade de crescimento, tem sempre a faca e o queijo na mão.
Mais de 30 anos de estudo comprovaram que crianças educadas em lares com mentalidade de crescimento se saem melhor na vida adulta e acadêmica do que as educados com mentalidade fixa.
E como você inventiva isso no seu filho?
Antes de tudo, tirando-o da posição estática de “inteligente”.
Quer dizer, então, que eu não posso elogiar o meu filho?
Não só pode, como deve.
Elogios criam vínculo e fazem parte da construção de relações familiares saudáveis.
A questão não é deixar de elogiar e falar, de coração sincero, o que você tem vontade. Mas, sim, atentar para o COMO fazer isso.
Para fazer elogios para crianças que sejam encorajadores, é mais interessante focar no processo da conquista do que apenas no resultado.
Em vez de dizer “como você é inteligente”, diga: “você fez um bom trabalho”
Em vez de apenas elogiar uma nota de alguma prova, foque no esforço necessário até ali, dizendo, por exemplo: “você realmente estudou para essa prova. E realmente funcionou”.
Em vez de elogiar uma característica da personalidade, elogie a atitude da criança que demostrou essa característica.
A grande dica é: evite os rótulos!
Rótulos, até quando positivos, são negativos. Pois nos “empacotam” em embalagens das quais já não conseguimos mais sair…
Uma criança rotulada como “calma” ou “boazinha”, por exemplo, pode sofrer bastante, sim, la frente. Afinal, todas as vezes que precisar sair desse lugar terá dificuldade, já que a vida toda se sentiu cobrada em estar nesse papel.
Todos podemos ter momentos de tranquilidade e calmaria. Não temos a obrigação de ser uma coisa ou outro o tempo inteiro, concorda?
Quando ensinamos para as crianças que elas podem ser várias coisas ao mesmo tempo, a mentalidade de crescimento é incentivada.
Faz sentido?