Você vai comparar os seus filhos gêmeos – então, aprenda como fazer da melhor forma!

Por Andrea Lontra 


Sim. você leu bem.

Venho do futuro para dizer que, sim, você vai comparar os seus filhos gêmeos.

Desculpa, mas não tem escapatória: 

Querendo, ou não querendo. Evitando ou não evitando. Se esforçando ou não se esforçando.

Você vai.

Mas, calma lá, isso não te faz uma mãe/pai ruim.

Te faz uma mãe/pai real.

Eu explico:

A comparação é inevitável. Como você decide usá-la, é uma escolha.

Antes de mais nada, preciso te falar que é absolutamente normal e, inclusive, esperado que você compare. 

Isso porque a comparação é um comportamento evolutivo. Há milhares de anos, quando a nossa sobrevivência dependia da proteção de uma tribo, ser diferente dos outros era um fator de risco.

Então, sim, você está instintivamente programado para fazer comparações – e com seus filhos, lamento informar, não seria diferente. 

Além disso, como pais de gêmeos, existe outro agravante:

Muitas vezes, não conseguimos, nem na fala, deixar um de lado para falar do outro. Começamos a falar de um e, meio que no automático, já pensamos no outro. 

Porque toda a vida foi assim. Eles nasceram juntos e chegaram em todas as fases juntos. Nada mais natural que venham juntos nos nossos pensamentos também, né? 

Pois é. 

Todos os astros conspiram a favor da comparação. Mas, mesmo sendo natural e esperado, você e eu sabemos que comparar filhos é receita pronta para garantir a eles anos de terapia…

Afinal de contas, já não vivemos no meio da selva e somos conscientes de que a única comparação benéfica é a de uma pessoa com ela mesma. Certo?

Certíssimo.

Qual é a melhor forma de comparar seus filhos gêmeos?

E agora você deve estar se perguntando:

Se a comparação é inevitável, mas precisa ser fortemente controlada, então como proceder?

Eu te digo:

Não tem outro jeito, a melhor maneira é criando o hábito de se auto-policiar

Toda vez que você se pegar pensando que um filho fez algo melhor do que o outro (porque você vai pensar, é fato), ligue o pisque alerta. E reformule a frase trocando a referência. 

Em outras palavras, ao invés comparar G1 com G2, compare G1 com G1.

Por exemplo:

“Porque você não come tudo que nem o seu irmão?”
“Porque você não comeu tudo que nem ontem?”

“Seja mais educado, como seu irmão” 
“Responda com educação, como você aprendeu”

“Seu irmão é muito estudioso, por que você não se espelha nele?”
“Como você pode ser mais estudioso do que tem sido?”

E, é claro, você pode (e deve) elogiar o bom comportamento de cada filho. Mas sempre com o cuidado de não dizer que tal coisa ou atitude é melhor ou pior do que a do outro. 

Até porque, se não existisse o irmão, também não existiria ponto de comparação, concorda?

Faz sentido?

Comparar é diferente de usar o irmão como incentivo

E agora um alerta importante:

Muitos pais comparam filhos na esperança de que um irmão se espelhe no outro. E o raciocínio não está de todo errado:

Claro que irmãos servem como inspiração.

Por aqui vemos isso acontecendo todo momento:

Quando uma das meninas levanta para tentar caminhar, a outra faz o mesmo. Quando uma fala alguma palavra, a outra repete. E assim por diante.

Então, sim, é fato que um irmão incentiva o outro.

O problema todo está na aplicação do conceito. Afinal, a criança aprende pela IMITAÇÃO, e não pela comparação. 

Quando você usa o exemplo do irmão apenas para dizer que uma situação é melhor do que a outra, você não faz nada mais do que enfatizar o quanto a criança está fracassando naquela atividade/ atitude…  

Agora, quando você fala de um comportamento que quer reforçar de maneira imparcial, apenas descrevendo o que vê, o que sente e o que precisa ser feito, já não existe “filho bom” e “filho mau”. O que existe é um caminho que está sendo positivo para o mano, e pode ser bom para os dois. Mas, se não for, tudo bem. 

Em outras palavras, a criança deve entender que esse comportamento é benéfico para ela, mas não porque o irmão está fazendo. 

Exemplos:

“Olha aí, o seu irmão comeu tudo e você não comeu nada”
“O mano gostou bastante da comida. Quem sabe você não prova pra ver se gosta também?”

“Por que você não fica quietinho que nem o seu irmão?”
“O mano tá tranquilo, porque ele sabe que a mamãe já volta”

“Olha que bonito o mano bem comportado. Que feio você chorando”
“Olha, o mano achou legal fazer isso. Será que você pode achar legal também? Vamos tentar?”

Percebe a diferença?

Dessa maneira, no lugar da pressão, você estará colocando uma possibilidade. Fica claro que a atitude do irmão, nesse caso específico, é um bom exemplo a ser seguido. Mas, se não for, está tudo complemente dentro do normal.

Faz sentido?

Me deixe saber o que você pensa sobre isso nos comentários!

Sobre a autora

Jornalista que gosta de escrever sobre a vida (e sobre tudo aquilo que dá vontade), psicóloga em formação e mãe das gêmeas Maya e Luna. 

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