Nascem os filhos, nasce a cobrança de estar fazendo a coisa certa.
Ninguém é perfeito, claro. E, na maioria dos casos, os pais erram tentando acertar. E fazem o melhor que podem com o conhecimento que têm.
Mas e se existisse uma forma de aliviar essa insegurança?
Considero a Disciplina Positiva (e a educação respeitosa) o melhor caminho para isso.
O problema é que sempre tem uma tia velha para dizer que “hoje em dia tá um saco criar filhos, porque não dá para fazer nada. Que por isso que essa geração tá perdida, porque no tempo dela não era assim…” 😴
E nem experimente argumentar que é importante validar o sentimento da criança durante um ataque de birra, por exemplo. Porque seu comentário será, rapidamente, julgado como de mãe que passa a mão na cabeça do filho e premia o mau comportamento dele…
E daí você, que já tinha lido a teoria, entendido a lógica por trás e estava começando a aplicar em casa, fica balançada:
“Será mesmo que não estou sendo muito liberal?”
Rola aquele receio de estar sendo permissiva demais ao acolher o choro. Ao flexibilizar. Ao fazer perguntas. Ao oferecer escolhas. Enfim, ao usar as tantas ferramentas da Disciplina Positiva.
Pois bem. Pode até parecer que não, mas existe um abismo enorme entre ser permissiva e educar com respeito…
Validar o sentimento não é o mesmo que validar o comportamento!
Quando acolhemos uma criança que está sendo agressiva ou inadequada, não quer dizer, de maneira nenhuma, que vamos permitir que ela saia batendo no irmão ou provocando os amigos…
Nada disso!
Quer dizer apenas que entendemos o que ela está sentindo. Que entendemos que ela ainda não tem maturidade cerebral para lidar com as próprias emoções. E que, portanto, estamos ali para ajudá-la no que for preciso.
Pais permissivos deixam que a criança decida o que fazer. Pais respeitosos educam dando opções, mas sempre com limites pré-estabelecidos.
Inclusive, acho que a grande diferença está exatamente aí:
Nos limites.
E por falar nisso…
A importância de dar limites
Toda criança precisa de limites. São eles que dão segurança, autonomia e protegem.
É uma necessidade humana:
Saber até onde podemos ir, imediatamente, nos dá sensação de conforto.
Imagine que você está num lugar que não conhece e, de repente, falta luz. O que você faria?
Provavelmente, caminharia bem devagar buscando uma parede para tatear, certo?
Sim. Isso, automaticamente, te daria a tranquilidade de “pronto, agora sei até onde posso ir…”
Pois com os pequenos acontece a mesma coisa: eles precisam de limites para se sentirem seguros.
A questão é que os limites não são algo que devem ser impostos somente quando um comportamento inadequado vem à tona…
… eles devem fazer parte, desde sempre, da rotina da criança!
Na sociedade já é assim:
Muito antes de nascermos, regras e limites nos acompanham por todos os lugares, seja em casa, na escola, na rua ou no trabalho, não é verdade?
Pois é!
Engraçado que, quando se fala em impor limites, logo vem à mente alguma atitude agressiva. Do tipo gritar, botar de castigo ou até bater.
Mas criar com firmeza nada tem a ver com educar com violência.
Colocar limites durante o desenvolvimento infantil, aliás, é um ato de amor. Afinal, ajuda a diminuir a ansiedade, melhora a tolerância e ensina regras de convivência.
Pais que educam com respeito definem limites, mas também estão dispostos a explicar as razões por trás deles. Isso ajuda as crianças a entenderem o contexto e a importância das regras, promovendo um senso de responsabilidade e autorregulação.
E eu sei. Na teoria é lindo, mas, na prática, dizer não nem sempre é fácil.
Bate um medo de ser rejeitada, bate um medo de ser a mãe chata e, sejamos sinceras, bate também uma preguiça de lidar com o choro de protesto do filho…
Só que, quando evitamos qualquer frustração ou deixamos a criança fazer tudo o que quer, ela aprende que não é capaz de enfrentar decepções.
Tenho certeza de que não é isso que você deseja para o seu filho, né?
Claro que não!
Então, continue lendo…
7 sinais de que você pode estar sendo permissiva com o seu filho:
De uma coisa eu, rapidamente, ganhei consciência durante a minha formação como educadora parental: pendo muito mais para permissividade do que para o autoritarismo.
Sou essa pessoa “de boas” com tudo. E, confesso, tenho uma dificuldade grande de evitar conflitos.
Resultado?
Na minha casa, na maioria das vezes, sou o good cop e meu marido o bad cop.
Sabendo disso, tenho um feito um esforço grande para ser firme na hora de educar as meninas. Até porque hoje eu sei que a permissividade é bastante prejudicial e NADA respeitosa.
Se você, como eu, tende a ser permissiva, vamos a sete situações em que pode estar pecando sem se dar conta:
#1. QUANDO VOCÊ DEIXA O SEU FILHO TE BATER E NÃO FAZ NADA
Tá aí uma bela oportunidade para colocar limites…
Claro que ele pode estar passando por uma forte crise emocional. Por isso mesmo, cabe a você ensiná-lo a maneira certa de se comportar e resolver os problemas.
Mãe permissiva: “ai, filho, assim faz dodói na mamãe”
Mãe firme e respeitosa: “Epa, epa! Bater não! A mãe entende que você esteja chateado, mas não se pode machucar o outro, entendeu?”
#2. QUANDO O SEU FILHO FALA DE FORMA DESRESPEITOSA COM VOCÊ E VOCÊ NÃO FAZ NADA
De novo: se a criança está fora de si (e levando em consideração que está também sem capacidade cerebral para lidar com o turbilhão) de quem é a responsabilidade de acolher e orientar?
Bingo!
Mãe permissiva: “deixa pra lá, ele nem sabe o que tá falando! É só uma criança ainda…”
Mãe firme e respeitosa: “Falar dessa forma não pode. Vamos tentar de outra forma? Fale de novo o que você quer. Daí a gente pode conversar”
#3. QUANDO VOCÊ DÁ LOGO O QUE A CRIANÇA QUER, SÓ PARA NÃO PRECISAR LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO DELA
Atire a primeira pedra quem nunca fez isso!
Lógico que, no final do dia, cansada, escabelada, atordoada, a gente prefere mais é ter paz do que ter razão. Mas é exatamente nessas horas que temos que respirar fundo e optar pelo caminho mais difícil. Caso contrário, daí sim, estaremos reforçando o mau comportamento do nosso filho, fazendo-o acreditar que dá pra conseguir as coisas no grito.
Mãe permissiva: “Tá bom, toma aqui o que você quer”
Mãe firme e respeitosa: “Filho, a mãe entende que você queria muito esse brinquedo. Mas não é seu, é do fulaninho. O que você acha da gente brincar com isso ou com aquele outro?”
#4. QUANDO O SEU FILHO NÃO TEM REGRAS CLARAS E CONSISTENTES
Suponhamos que você tenha definido que o seu filho deve escovar os dentes todos os dias antes de dormir. Só que, chega na hora H e você cede, por preguiça do desgaste emocional que aquilo vai gerar…
Eu entendo. Já me vi várias vezes nessa situação. E já matei a escovação várias vezes também pelo mesmo motivo. Mas, convenhamos. Fazendo isso, o que a criança entende:
Que não existem regras claras. E que tá ok escovar os dentes num dia e no outro não. Por isso, o ideal é manter uma rotina consistente. Até para que a resistência para essas atividades (que são básicas) diminua.
Mãe permissiva: “tá bom, filho não precisa escovar os dentes hoje então…”
Mãe firme e respeitosa: “eu sei que você tá cansado, mas precisamos (e vamos) escovar os dentes todos os dias antes de dormir. Prometo que vai ser rápido. Que brinquedo você quer levar junto para o banheiro, esse ou esse?”
#5. QUANDO VOCÊ PERMITE QUE O SEU FILHO FAÇA ALGO QUE É PREJUDICIAL PARA ELE
Ainda pegando carona com o exemplo anterior, certas coisas não são negociáveis. Se envolve saúde (como é o caso dos dentes) ou a segurança do seu filho, não existe negociação: é sim ou sim.
Ele vai ter que escovar os dentes. Vai ter que botar o cinto no carro. E você age permissivamente quando permite que faça o contrário.
Mãe permissiva: “Ai tá bom, filho. Pode ir fora da cadeirinha. Mas só hoje”
Mãe firme e respeitosa: “Eu sei que você não quer ir na cadeirinha, eu entendo. Mas é importante para a sua segurança. Se você não sentar na cadeirinha, não vamos poder passear de carro”
#6. QUANDO O SEU FILHO ESTRAGA ALGO NO AMBIENTE E VOCÊ NÃO FAZ NADA
Suponhamos que, tomado por um acesso de raiva, o seu filho comece a quebrar coisas da casa. Se você não coloca limites e orienta formas dessa criança lidar com a raiva dela, você pode estar sendo permissiva, sim.
Mãe permissiva: “ah ele não fez por mal, é criança…”
Mãe firme e respeitosa: “filho, isso não pode! Pare já de fazer isso! Entendo que você esteja com raiva, mas não se pode estragar as coisas. Quer um colo da mãe para se acalmar?”
#7. QUANDO VOCÊ DEIXA QUE O SEU FILHO TOME DECISÕES QUE NÃO CABEM A ELE
Tomar ou não a vacina. Tomar ou não o remédio. Botar ou não o casaco num dia frio. Dar a mão o não para atravessar a rua..
Certas decisões, definitivamente, não cabem a uma criança que ainda não tem maturidade para entender as respectivas consequências.
Nesses momentos, de novo, é sim ou sim.
Mãe permissiva: “ai, tá bom, filho, pode ir sem casaco…”
Mãe firme e respeitosa: “eu sei que você queria sair sem casaco, mas não pode. Tá muito frio lá fora. Qual casaco quer colocar: o preto ou o bege”
Eaí, faz sentido?
Leia também:
[Birra: a melhor (e mais eficaz) maneira de lidar]