Saudade de mãe

Por Andrea Lontra 


Basta você ter filho que, tempo depois, a maternidade vai te apresentar um novo tipo de sentimento:

A saudade de mãe.

A saudade de mãe é toda uma versão nova (e pontente) de saudade. Merecia até nome específico, de tão forte que é a diaba.

E nem tô falando de muito tempo não, viu? Talvez um mês depois de parir, ou até menos, você já se depare com ela. 

Saudade de mãe é lembrar com carinho do barrigão, daquela época em que eram só vocês dois juntinhos (três, no meu caso) e Deus na causa. É ver fotos de dois meses atrás no rolo da câmera do celular e sentir um aperto no coração ao constatar como eles mudaram. 

Saudade de mãe é pedir, por favor, para o tempo ir mais devagar. Mesmo sabendo que  ele vai de pressa de todo jeito, levando embora o seu bebê e te atropelando junto.

É desejar baixinho que eles caibam sempre no nosso colo. E ser lembrada pelo peso aumentando nos braços que estão crescendo numa velocidade que a nossa maturidade já não sabe acompanhar…

Saudade de mãe é querer guardar no tal potinho tantos momentos que não existiria no mundo nem espaço, nem potinho, para tanta recordação. É suspirar de cansaço com a rotina exaustiva, mas já prevendo o vazio que vai ficar no lugar dos dias que eles precisam da gente pra tudo.

Saudade de mãe é sentir saudade do que a gente ainda nem viveu. É olhar com empolgação para frente, mas com uma nostalgia maior ainda para trás.

É saudade de cheirinho de bebê. De dormir grudadinho. De ver dois bracinhos se atirando para os nossos. De sentir duas mãozinhas pequenas agarrando as nossas pernas. De ser consumida pela vontade de estar tão perto que às vezes até sufoca.

É escutar aquela voz doce chamando “mamãe” consciente de que, em breve, ela já não vai ser tão doce, nem vai pedir pela nossa presença com toda essa frequência…

Não tem jeito: 

Bem no fundo, a gente sabe que nunca mais vai ser requisitada e desejada da mesma forma.

E que bom que é assim.

Eles crescem e chega o momento de outras experiências, outras pessoas, outros apegos, outras histórias.

Daí nos deixam ela, a saudade.

Afinal, nossos filhos podem até criar asar e voar para longe. Mas o ninho sempre fica ❤️

Sobre a autora

Jornalista que gosta de escrever sobre a vida (e sobre tudo aquilo que dá vontade), psicóloga em formação e mãe das gêmeas Maya e Luna. 

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