Quando você tem gêmeos, não precisa ser nenhuma mãe de segunda viagem para já prever algumas particularidades rotineiras:
Que vão ser fraldas em dobro, crises de choro a mais e horas de sono a menos, isso não chega de surpresa para ninguém.
Agora, tem alguns detalhes importantes que a gente só descobre na prática. E com alguma experiência no assunto.
Como, por exemplo, o da figura referência na vida deles.
Durante muito tempo, quis ser a pessoa mais importante para as minhas filhas. E me sentia até desprestigiada quando notava elas bem confortáveis nas minhas partidas…
Até que me dei conta de que, desde sempre, se estabeleceu ali uma relação com a qual eu não conseguiria competir.
Já reparou num fato curioso?
O vínculo mais forte da criança que tem um irmão gêmeo, normalmente, não é mãe.
Não é o pai. Não é a babá. Não é a avó. Não é a professora da escola…
É o seu irmão(a) gêmeo(a).
Exatamente.
É ele que ela vai, enlouquecidamente, procurar. E por causa dele que ela vai chorar para não ficar longe. É na presença um do outro que ambos vão ficar seguros.
E não é para menos.
Muito antes de nascerem, eles já são próximos como ninguém.
Dividem o útero. Dividem o parto. Dividem os primeiros cuidados.
Mamam juntos, dormem juntos, choram juntos.
Comemoram todos os aniversários juntos. Vão ao pediatra juntos. Conhecem novas pessoas juntos.
São tantos marcos importantes, juntos, que tornam essa conexão tão única quanto íntima.
Então, não se surpreenda se, em algum ponto, seu filho gêmeo sentir mais a falta do irmão do que a sua…
Claro que mãe é mãe. E que estamos falando de papeis completamente diferentes. Mas fico admirada de ver como Maya sempre precisa saber cadê a Luna. E como Luna não descansa enquanto não souber onde está a Maya.
Aliás, acho que só quem teve um vizinho de barriga consegue entender a força dessa relação.
E por falar nisso…
Já ouviu falar em “twin yearing”?
Inclusive, existe algo na psicologia que os especialistas chamam de “twin yearing”, que, na tradução livre, seria algo como “desejo de gêmeo”.
O termo se refere ao sentimento intenso de conexão e saudade que gêmeos sentem um pelo outro, especialmente quando estão separados. O twin yearning pode se manifestar de várias formas, como a sensação de que algo está “faltando” quando estão longe, intuição sobre o que o outro está sentindo, ou até mesmo um desejo profundo de estarem juntos novamente.
E é interessante perceber que o efeito desse vínculo afeta tem impacto não só nas relações familiares como também em futuros relacionamentos amorosos.
Explico:
Gêmeos estão tão acostumados a ter sempre um ao outro que, quando chega o momento de se relacionar com possíveis parceiros, acabam, muitas vezes, buscando a mesma intensidade da dinâmica gemelar.
Em outras palavras, a identidade de ser gêmeo e de fazer parte de uma dupla pode estar tão enraizada que o indivíduo aprendeu que essa é a única forma de se relacionar. Como se toda e qualquer relação precisasse, obrigatoriamente, “preencher uma metade”.
O lado bom?
Dá pra dizer que gêmeos crescem, em muitos casos, praticamente, já vivendo um casamento com o irmão. Então, estão super habituados a estar bem próximo a outra pessoa, a dividir tudo e agir como um time.
O lado ruim?
Alguns gêmeos sentem que ninguém os entende tão bem quanto o irmão ou irmã, o que pode dificultar a construção de laços com outras pessoas.
Por isso mesmo, não é raro ver parceiros românticos se sentindo excluídos e competindo pela atenção do gêmeo.
Faz sentido?
E por aí como é?
Conte nos comentários a sua experiência!